Sustentabilidade
é a habilidade de sustentar ou suportar uma ou mais condições, exibida
por algo ou alguém. É uma característica ou condição de um processo ou de um sistema que permite a sua permanência, em certo nível, por um determinado prazo.[1] Ultimamente este conceito, tornou-se um princípio, segundo o qual o uso dos recursos naturais para a satisfação de necessidades presentes não pode comprometer a satisfação das necessidades das gerações futuras, o que requereu a vinculação da sustentabilidade no longo prazo, um "longo prazo" de termo indefinido, em princípio.[2]
Sustentabilidade também pode ser definida como a capacidade do ser
humano interagir com o mundo preservando o meio ambiente para não
comprometer os recursos naturais das gerações futuras. É um conceito que
gerou dois programas nacionais no Brasil. O Conceito de
Sustentabilidade é complexo, pois atende a um conjunto de variáveis
interdependentes, mas podemos dizer que deve ter a capacidade de
integrar as Questões Sociais, Energéticas, Econômicas e Ambientais.
Com a finalidade de preservar o meio ambiente para não comprometer os
recursos naturais das gerações futuras, foram criados dois programas
nacionais: o Procel (eletricidade) e o Conpet.
• Questão Social: Sem considerar a questão social, não há
sustentabilidade. Em primeiro lugar é preciso respeitar o ser humano,
para que este possa respeitar a natureza. O do ponto de vista do ser
humano, ele próprio é a parte mais importante do meio ambiente.
• Questão Energética: Sem considerar a questão energética, não
há sustentabilidade. Sem energia a economia não se desenvolve. E se a
economia não se desenvolve, as condições de vida das populações se
deterioram.
• Questão Ambiental: Sem considerar a questão ambiental, não
há sustentabilidade. Com o meio ambiente degradado, o ser humano abrevia
o seu tempo de vida; a economia não se desenvolve; o futuro fica
insustentável.
O princípio da sustentabilidade aplica-se a um único empreendimento, a uma pequena comunidade (a exemplo das ecovilas), até o planeta inteiro. Para que um empreendimento humano seja considerado sustentável, é preciso que seja:
- ecologicamente correto
- economicamente viável
- socialmente justo
- culturalmente diverso
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Definição
O termo "sustentável" provém do latim sustentare (sustentar; defender; favorecer, apoiar; conservar, cuidar). Segundo o Relatório de Brundtland
(1987), o uso sustentável dos recursos naturais deve "suprir as
necessidades da geração presente sem afetar a possibilidade das gerações
futuras de suprir as suas".
O conceito de sustentabilidade começou a ser delineado na Conferência
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (United Nations
Conference on the Human Environment - UNCHE), realizada em Estocolmo de 5 a 16 de junho de 1972,
a primeira conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e a
primeira grande reunião internacional para discutir as atividades
humanas em relação ao meio ambiente. A Conferência de Estocolmo lançou
as bases das ações ambientais em nível internacional, [3] chamando a atenção internacional especialmente para questões relacionadas com a degradação ambiental e a poluição
que não se limita às fronteiras políticas, mas afeta países, regiões e
povos, localizados muito além do seu ponto de origem. A Declaração de
Estocolmo, que se traduziu em um Plano de Ação,[4]
define princípios de preservação e melhoria do ambiente natural,
destacando a necessidade de apoio financeiro e assistência técnica a
comunidades e países mais pobres. Embora a expressão "desenvolvimento
sustentável" ainda não fosse usada, a declaração, no seu item 6, já
abordava a necessidade imper "defender e melhorar o ambiente humano para
as atuais e futuras gerações" - um objetivo a ser alcançado juntamente
com a paz e o desenvolvimento econômico e social.
A ECO-92 - oficialmente, Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento -, realizada em 1992, no Rio de Janeiro,
consolidou o conceito de desenvolvimento sustentável. A mais importante
conquista da Conferência foi colocar esses dois termos, meio ambiente e desenvolvimento,
juntos - concretizando a possibilidade apenas esboçada na Conferência
de Estocolmo, em 1972, e consagrando o uso do conceito de desenvolvimento sustentável, defendido, em 1987, pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(Comissão Brundtland). O conceito de desenvolvimento sustentável -
entendido como o desenvolvimento que atende às necessidades do presente
sem comprometer a possibilidade das futuras gerações de atenderem às
suas próprias necessidades - foi concebido de modo a conciliar as
reivindicações dos defensores do desenvolvimento econômico como as preocupações de setores interessados na conservação dos ecossistemas e da biodiversidade. [5] [6] Outra importante conquista da Conferência foi a Agenda 21, um amplo e abrangente programa de ação, visando a sustentabilidade global no século XXI. [7]
Em 2002, a Cimeira (ou Cúpula) da Terra sobre Desenvolvimento Sustentável de Joanesburgo
reafirmou os compromissos da Agenda 21, propondo a maior integração das
três dimensões do desenvolvimento sustentável (econômica, social e
ambiental) através de programas e políticas centrados nas questões
sociais e, particularmente, nos sistemas de proteção social. [8]
Conceitos correlatos
sustentável significa apto ou passível de sustentação, sustentado
é aquilo que já tem garantida a sustentação. É defendido que
"sustentado" já carrega em si um prazo de validade, no sentido de que
não se imagina o que quer que seja, no domínio do universo físico, que
apresente sustentação perpétua (ad aeternu), de modo que, no
rigor, "sustentado" deve ser acompanhado sempre do prazo ao qual se
refere, sob risco de imprecisão ou falsidade, acidental ou intencional.
Tal rigor é especialmente importante nos casos das políticas ambientais
ou sociais, sujeitos a vieses de interesses divergentes.
Crescimento sustentado refere-se a um ciclo de crescimento econômico constante e duradouro, porque assentado em bases consideradas estáveis e seguras. Dito de outra maneira, é uma situação em que a produção cresce, em termos reais, isto é, descontada a inflação, por um período relativamente longo.
Gestão sustentável é a capacidade para dirigir o curso de uma empresa, comunidade ou país, através de processos que valorizam e recuperam todas as formas de capital, humano, natural e financeiro.
A sustentabilidade comunitária é uma aplicação do conceito de
sustentabilidade no nível comunitário. Diz respeito aos conhecimentos,
técnicas e recursos que uma comunidade utiliza para manter sua
existência tanto no presente quanto no futuro. Este é um conceito chave
para as ecovilas ou comunidades intencionais. Diversas estratégias podem ser usadas pelas comunidades para manter ou ampliar seu grau de sustentabilidade,[9] o qual pode ser avaliado através da ASC (Avaliação de Sustentabilidade Comunitária)[10].
Sustentabilidade como parte da estratégia das organizações. O conceito de sustentabilidade está intimamente relacionado com o da responsabilidade social das organizações. Além disso, a ideia de "sustentabilidade" adquire contornos de vantagem competitiva. Isto permitiu a expansão de alguns mercados, nomeadamente o da energia, com o surgimento das energias renováveis. Segundo Michael Porter,
"normalmente as companhias têm uma estratégia económica e um estratégia
de responsabilidade social, e o que elas devem ter é uma estratégia
só". Uma consciência sustentável, por parte das organizações, pode
significar uma vantagem competitiva, se for encarada integrar uma
estratégia única da organização, tal como defende Porter, e não como
algo que concorre, à parte, com "a" estratégia da organização, apenas
como parte da política de imagem ou de comunicação. A ideia da
sustentabilidade, como estratégia de aquisição de vantagem competitiva,
por parte das empresas, é refletida, de uma forma expressamente
declarada, na elaboração do que as empresas classificam como "Relatório
de Sustentabilidade".
Investimento socialmente responsável. Investir de uma forma ética e sustentável é a base do chamado ISR (ou SRI, do inglês Socially responsible investing). Em 2005, o Secretário Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, em articulação com a Iniciativa Financeira do PNUMA (PNUMA-FI ou, em inglês, UNEP-FI)[11] e o Pacto Global das Nações Unidas (UN Global Compact), convidou um grupo de vinte grandes investidores institucionais de doze países para elaborar os Princípios do Investimento Responsável.
O trabalho contou também com o apoio de um grupo de 70 especialistas do
setor financeiro, de organizações multilaterais e governamentais, da sociedade civil e da academia. Os princípios da PNUMA-FI foram lançados na Bolsa de Nova York, em abril de 2006.
Atualmente a PNUMA-FI trabalha com cerca de 200 instituições
financeiras, signatárias desses princípios, e com um grande número de
organizações parceiras, visando desenvolver e promover as conexões entre
sustentabilidade e desempenho financeiro. Através de redes peer-to-peer,
pesquisa e treinamento, a PNUMA-FI procura identificar e promover a
adoção das melhores práticas ambientais e de sustentabilidade em todos
os níveis, nas operações das instituições financeiras. [12]
Diluição do conceito
O uso do termo "sustentabilidade" difundiu-se rapidamente, incorporando-se ao vocabulário politicamente correto das empresas, dos meios de comunicação de massa, das organizações da sociedade civil,
a ponto de se tornar quase uma unanimidade global. Por outro lado, a
abordagem do combate às causas da insustentabilidade parece não avançar
no mesmo ritmo, ainda que possa estimular a produção de previsões mais
ou menos catastróficas acerca do futuro e aquecer os debates sobre
propostas de soluções eventualmente conflitantes. De todo modo, assim
como acontecia antes de 1987, o desenvolvimento dos países continua a
ter como principal indicador, o crescimento econômico, traduzido como crescimento da produção
ou, se olhado pelo avesso, como crescimento (preponderantemente não
sustentável) da exploração de recursos naturais. As políticas públicas,
bem como a ação efetiva dos governos, ainda se norteia basicamente pela
crença na possibilidade do crescimento econômico perpétuo e essa crença
predomina largamente sobre a tese oposta, o decrescimento econômico, cujas bases foram lançadas no início dos anos 1970, por Nicholas Georgescu-Roegen. [13] Segundo Amartya Sen, Prêmio Nobel de Economia 1998: "Não
houve mudança significativa no entendimento dos determinantes do
progresso, da prosperidade ou do desenvolvimento. Continuam a ser vistos
como resultado direto do desempenho econômico."[14]
Referências
- Notas
- ↑ sustain (em inglês). http://dictionary.reference.com. Página visitada em 13/05/2012.
- ↑ Sustentabilidade. suapesquisa.com. Página visitada em 13/05/2012.
- ↑ Declaration of the United Nations Conference on the Human Environment
- ↑ Stockholm 1972 - Report of the United Nations Conference on the Human Environment
- ↑ Report of the United Nations Conference on Environment and Development. Rio de Janeiro, 3-14 June 1992. Annex I - Rio Declaration on Environment and Development
- ↑ United Nations Conference on Environment and Development (UNCED), Rio de Janeiro, Brazil. The Encyclopedia of Earth
- ↑ UNCED - United Nations Conference on Environment and Development
- ↑ Report of the World Summit on Sustainable Development. Johannesburg, South Africa, 26 August- 4 September 2002
- ↑ Estratégias de Sustentabilidade Comunitária
- ↑ Avaliação de Sustentabilidade Comunitária
- ↑ United Nations Environment Programme Finance Initiative
- ↑ Declaração Internacional das Instituições Financeiras sobre Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
- ↑ "Sustentabilidade equivocada - gerações futuras e o discurso de hoje", por José Eli da Veiga. Folha de São Paulo, 5 de setembro de 2010.
- ↑ Desenvolvimento como Liberdade Companhia das Letras, 2000, apud José Eli da Veiga.
- Bibliografia
- ALLEN, P. (Editor). Food for the Future: Conditions and Contradictions of Sustainability. Paperback, 1993. ISBN 0-471-58082-1
- Desenvolvimento sustentável e perspectiva de genero
- Desenvolvimento sustentável microrregional. Metodos para planejamento local
- HARGROVES, K. & SMITH, M. (Editors). The Natural Advantage of Nations: Business Opportunities, Innovation and Governance in the 21st Century. Hardback: Earthscan/James&James, 2005. ISBN 1-84407-121-9
- Questões para o desenvolvimento sustentável
- YOUNG, Lincoln & HAMSHIRE, Jonathon. Promoting Practical Sustainability. Canberra (Australia): Australian Agency for International Development (AusAID) (2000 and reprints) ISBN 0 642 45058 7.
Ligações externas
- Dancing Rabbit (Ecovila sustentável).
- Desenvolvimento sustentável
- Glossário e links para artigos e indicadores sobre desenvolvimento sustentável (Universidade de Reading] – UK)].
- Importância da sustentabilidade econômica
- iNSnet (Portal de desenvolvimento sustentável).
- International Institute for Sustainable Development (Canadá) (em inglês)
- Sustentabilidade no Open Directory Project (em inglês)
- SustainLane (Comunidade online sobre estilos de vida sustentáveis)
- Sustentabilidade Corporativa
- Técnicas de desenvolviento sustentavel
- The Natural Edge Project - Think tank de Desenvolvimento Sustentável.
- Virtual Library, Lista de endereços
- World Student Community for Sustainable Development.
Ver também
- Agenda 21 (1992)
- Agricultura sustentável
- Arquitetura sustentável
- Autossustentabilidade
- Biodiversidade
- Clube de Roma (1972)
- Convenção sobre Diversidade Biológica (1992)
- Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (1992)
- Créditos de carbono
- Decrescimento sustentável
- Desenvolvimento sustentável
- Dow Jones Sustainability Index World (1999)
- Ecologia urbana
- Educação para a sustentabilidade
- Educação ambiental
- Escola da Amazônia
- Índice de Sustentabilidade Empresarial (2005)
- Protocolo de Quioto
- Protocolo de Quioto (1997)
- Relatório Brundtland (1987)
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