
Ato em defesa pública da Alegria acaba com estupidez e sangue!
Na foto acima nosso colega David aparece ajudando os feridos.
Leia sobre nos links abaixo:
http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/?Noticia=470278
http://jornalismob.com/2012/10/05/privatizacao-de-porto-alegre-e-alvo-de-protestos-bm-agride-manifestantes-zero-hora-lamenta-por-boneco-da-coca-cola/
“Caí imediatamente e um lençol de sangue se abriu sob
mim”, diz manifestante agredido por guardas municipais em Porto Alegre
Relato de Germán Álvarez, estudante
agredido por guardas municipais em manifestação em Porto Alegre no
dia 04 de outubro:
“Queridos amigos e conhecidos,
obrigado pela preocupação. Estou passando (quase) bem.
A noite de horror vivida por nós no centro de Porto Alegre nos coloca frente a uma nefasta realidade:
Por um lado, uma Brigada Militar em
completo desacordo com mínimos preceitos democráticos e total desprezo pelos
Direitos Humanos. Os cuidadores de tatu (a PM) fizeram um papel vergonhoso
frente à sociedade gaúcha. Para defender um boneco de plástico fizeram correr
sangue portoalegrense pelas ruas e calçadas do Centro. A tropa de choque agiu
como um grupo de mercenários terroristas da Coco-Cola/Fifa. Em grupos de 3, 4
chutava pessoas desarmadas caídas no chão. Chutavam na cabeça, nas costas,
batiam com o cacetete abrindo rasgos nas cabeças. Insultavam a todos: filho(a)
da puta, vadia, puta, maconheiro(a), vagabundo(a). Robaram o celular, câmera
fotográfica e todo tipo de aparelho que pudesse registrar o massacre em plena
via pública. Confiscar e destruir bens dos manifestantes é ilegal, não? Não,
pra mercenários não há regras nem lei. Chama a atenção que nossos meios de
comunicação tradicionais fizeram questão de dizer uníssonos que tudo se tratou
de vandalismo sem causa. Por que não se comoveram com todas as violações às
liberdades individuais e de direitos humanos? Menos mal que temos o Sul21
mandando jornalistas e fotógrafos realmente comprometidos com os fatos que se
apresentam objetivamente, não com a necesidade dos patrocinadores.
E a Guarda Municipal? Que homens tão
covardes se mostraram nessa noite. Esperaram que a PM baixasse o porrete e
dissipasse a manifestação para começar a agir perseguindo com porretes e
choques (teaser) as pessoas que já desarticuladas rumavam para suas casas. Três
guardas vieram para cima de mim, o do meio me apontava a arma de choque, eu com
as mãos espalmadas pedindo calma, tentando argumentar que já havia terminado
(após 40 minutos de pancadaria terrorista) um dos três Guardas tomou distância
e bateu-me forte com o porrete na cabeça. Caí imediatamente e um lençol de
sangue se abriu sob mim. Os amigos que tentaram me socorrer foram inicialmente
dissipados até que houve o entendimento de que eu realmente não podia ficar alí
sangrando sozinho. O Guarda Municipal que me bateu com toda força na cabeça
(mesmo estando eu em postura de rendido) sabia que podia podia ser fatal, não
sabia? O comandante da Guarda Municipal, Eliandro Oliveira de Almeida disse à
Zero Hora que não houve registro de excessos por parte da Guarda. Sim, quem
registraria a própria atitude terrorista?E a mídia merece o troféu Desserviço à
Humanidade. Posicionar-se com tanta convicção a favor da violência da repressão
do Estado e do Município contra sua população – omitindo à população imagens e
relatos que atestam violações de todos os tipos. A RBS alegando que tudo não
passou de vandalismo jovem e partidário, tenta bloquear a verdade das fotos e
dos vídeos.
Por outro lado, há que se dizer que
muito aprendemos nessa noite de terror. Quando tudo parecia muito macabro, o
espírito de cooperação e fraternidade entre os espancados manifestantes fez
frente ao terrorismo. Na minha volta enquanto a SAMU não chegava (porque foi
orientada pela Brigada), muitos conhecidos e desconhecidos pararam para prestar
o socorro que o Estado não prestou, e mesmo sob ameaças de apanhar mais eles
ficaram alí cobrindo-me e alentando-me. Orgulho de ver que o medo não impediu o
amor de ser amor, e de ter coragem.
Aprendemos que somos muitos os
dispostos a despir-nos em todos os sentidos para viver de alegria, amor,
justiça e liberdade. E não, não somos vagabundos. Somos trabalhadores, somos
estudantes, somos a gente desta terra. Não vagabundos baderneiros.
Descobrimos que amamos muita gente e
que o lugar do amor, por excelência, é a rua.
Um abraço e um beijo fraterníssimo a todos que estiveram presentes neste dia ou que acompanharam e entenderam a Defesa Pública da Alegria. Ela aconteceu, vencemos com alegria e sangue.”
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